Entrevista: Informação e conscientização ajudam na prevenção à hanseníase

Dando continuidade às campanhas de conscientização e prevenção propostas pela Postal Saúde, com foco no Dia Nacional de Combate e Prevenção à Hanseníase, a Operadora destaca a importância do Janeiro Roxo e as reflexões propostas nesta data.

A hanseníase é uma doença que carrega um estigma histórico muito grande, mas os avanços da tecnologia e o desenvolvimento de tratamentos têm oferecido alternativas e muito mais qualidade de vida aos pacientes.

Entrevista

Para aprofundar um pouco mais no tema e esclarecer dúvidas que podem ser comuns ao público, a Postal Saúde entrevistou a enfermeira Flávia Rodrigues Pereira, que é graduada pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), Mestre em Gestão Integrada do Território pela Univale, Referência Técnica de Enfermagem do Centro de Referência em Doenças Endêmicas e Programas Especiais (Creden-Pes), no município de Governador Valadares/MG, e docente nos cursos de Medicina e Enfermagem na Univale.

Confira!

Flávia Rodrigues, enfermeira entrevistada pela Postal Saúde (Foto: Arquivo Pessoal)

Para começar, é importante irmos diretamente no conceito. O que é a hanseníase?

É uma doença transmissível, causada por uma bactéria (bacilo de Hansen) e tem características neurológicas e dermatológicas como sinais e sintomas. Vale ressaltar que, para ocorrer a transmissão, é necessária a convivência prolongada com uma pessoa que tenha a doença em sua forma transmissível e ainda sem tratamento. Através da fala, da tosse ou do espirro da pessoa doente, as bactérias são expelidas e, pela respiração, são inspiradas por outra pessoa, que pode demorar anos para manifestar sinais da doença.

Como o estigma e a desinformação afetam as pessoas diagnosticadas?

A hanseníase tem uma longa história na humanidade, datando de tempos bíblicos. Por conta de suas características neurológicas, pode causar incapacidades e até deformidades, situações que, associadas ao contexto histórico das comunidades ao longo dos séculos e à demora pela sua cura (no passado), fizeram com que as pessoas que recebiam o seu diagnóstico, fossem afastadas de suas famílias e de qualquer convívio social.

Atualmente, a hanseníase tem cura e seu tratamento é totalmente gratuito e disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda assim, a doença gera muito estigma/preconceito por muitas pessoas que, por desinformação, acreditam em formas de transmissão diferentes das vias respiratórias (por um aperto de mão, por exemplo, que não gera transmissão alguma).

Tem-se muita dificuldade, também, por não haver o conhecimento difundido em relação à identificação dos seus sinais e sintomas. Portanto, não se procura os serviços de saúde tão logo que se identifica a condição para identificá-la, para que sejam diagnosticadas e tratadas na forma inicial, contribuindo para a interrupção da cadeia de transmissão e prevenindo incapacidades físicas.

No Brasil, quais são os maiores desafios no combate a essa doença em comunidades mais vulneráveis?

A hanseníase pode acontecer em qualquer idade, embora seja mais comum em adultos jovens e de maior idade; em ambos os sexos e nas diferentes camadas sociais; no entanto, é uma doença fortemente influenciada pelos determinantes e condicionantes sociais de saúde ligados a moradia, alimentação, dentre outros.

Assim, os desafios para seu combate, de uma forma geral, estão ligados às garantias de direitos para a população, mas também da multiplicação de informações verdadeiras e de fácil entendimento sobre os sinais e sintomas da doença. O que fazer quando observá-los, onde e quem procurar para esclarecimentos e, sobretudo, a compreensão sobre o diagnóstico, tratamento, adesão dos contatos à avaliação e acompanhamento multiprofissional durante e depois da alta, se for necessário.

Como os profissionais de saúde têm trabalhado para educar a população sobre esses temas?

Por meio de momentos educativos em salas de espera nas Unidades de Saúde, divulgação de panfletos informativos, produção de podcasts, execução de campanhas educativas nas escolas e igrejas, busca de parcerias e envolvendo associações de bairro e outras entidades das comunidades, e claro, na educação em saúde de quem inicia o tratamento e seus familiares.

Por que a hanseníase tem uma intensificação de atividades relacionadas ao seu combate no mês de janeiro? Qual é a importância de campanhas como o “Janeiro Roxo” nesse contexto?

Desde 2009, de acordo com a Lei nº 12.135/2009, é comemorado no último domingo de janeiro o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, uma doença de grande importância para a saúde pública e que em muitas situações ainda é negligenciada.

Tal lei e data mencionadas acima nos impulsionam a tratar de modo mais ampliado todas as questões que envolvem a doença. Não só no final de janeiro, mas o mês todo, e assim alertar que as ações deverão se prolongar por todo o ano, pois a hanseníase ainda tem grande incidência no Brasil e no mundo.

O que as pessoas, no geral, podem fazer para ajudar na conscientização e na prevenção da hanseníase?

Inicialmente, as pessoas podem buscar conhecer mais sobre a doença: como suspeitar, como se transmite, como se trata/acompanha; acreditarem que a atitude mais correta é a de acolhimento e apoio às pessoas que estão passando pelo tratamento da doença (seja social, afetivo ou outro) e, por fim, participarem ativamente das atividades de educação em saúde próximas aos seus bairros relacionadas ao tema.

Que tal começarem agora?

Existe algo importante sobre hanseníase que ainda não mencionamos e você gostaria de destacar?

Sim, gostaria de citar alguns sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase: manchas mais claras ou mais escuras que a pele; áreas na pele com alteração de sensibilidade ao calor ou frio, à dor e ao tato; alterações de alguns nervos como engrossamento ou dor (braços e pernas); diminuição dos pelos e do suor em algumas regiões do corpo; sensação de fisgadas ou formigamentos comuns em mãos e pés; diminuição ou ausência da força muscular na face, nas mãos ou nos pés; caroços no corpo, que podem se apresentar avermelhados e dolorosos.

Destaco também sobre a importância da busca rápida pela equipe de saúde mais próxima de casa, caso se perceba algum ou alguns destes sinais e sintomas mencionados, pois o diagnóstico precoce é uma forma importante de combater a doença e de prevenção de novos casos.

Nas Clínicas da Postal Saúde, bem como na extensa rede credenciada,  o beneficiário conta com uma equipe multiprofissional capacitada que adota protocolos específicos para o manejo clínico e operacional do enfrentamento da hanseníase, sempre com o objetivo de promover a saúde e bem-estar de toda a comunidade.

A prevenção da hanseníase é uma responsabilidade coletiva. A Postal Saúde se compromete a fornecer informações, suporte e tratamento adequado para todos. Juntos podemos combater essa doença e garantir uma vida mais saudável para todos!

Postal Saúde. Sua Vida, nossa existência!

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